2. Filomena Catarina Moreira
Nascida em 25 de novembro de 1886, é descendente de escravizados e natural do município de Codó, Filomena Catarina Moreira residia com sua mãe Carolina Moreira pelas proximidades da antiga Praça do Balão, atual Rua Antônio Alexandre. Filomena foi criada apenas por sua mãe, não era de nenhuma família da elite codoense, pelo contrário, era de família empobrecida e negra. Existem relatos de que um tio-avô a ajudou financeiramente enquanto concluía seus estudos na capital.
Contexto Histórico
A forma pela qual o discurso republicano do século passado construía a imagem social do fenômeno da feminização do magistério não via na mulher negra a virtude da "arte de ensinar", os estigmas e preconceitos em torno da normalista refletiram ao longo da sua carreira profissional e mesmo no seu processo de aposentadoria. Uma polêmica seria pelo fato de que seu posto foi cedido precocemente após uma aposentadoria compulsória.Mesmo com o apagamento e higienismo republicano, a dedicação e sabedoria de Filomena Catarina deixaram um legado valioso na história da educação na cidade de Codó.
Além de ser a primeira normalista do município, foi professora no Casarão (sua própria residência), e a primeira diretora de uma das mais antigas escolas da cidade, Colares Moreira. Nos dias de hoje, apesar de ser um monumento não mais utilizado, sua casa, local onde deu aulas para incontáveis alunos Cidade de Codó, está sob a responsabilidade de outra professora a qual também dedicaremos espaço nesse memorial, Maria de Lourdes da Silva, que é afilhada e ex-aluna de Filomena. Disposta ao lado da Igreja Matriz, antes da inauguração do Grupo Escolar Colares Moreira, Dona Filomena ensinava os alunos em sua casa, período em que era comum que estudantes morassem com suas professoras.
Formação educacional
Ainda jovem, despediu-se de sua cidade e foi com
destino à capital, São Luís. Obteve sua formação pela Escola Normal do Estado
do Maranhão, cujos registros oficiais apontam que seu diploma foi expedido em
27 de janeiro de 1907, aos 21 anos, pelo então diretor Antônio Batista Barbosa.
Seu currículo incluía as disciplinas de Ginástica, Língua Portuguesa, Língua
Francesa, Oceanografia, Música, Geografia, Caligrafia, Cartografia, Prendas
Femininas, História Universal, Aritmética, Geometria, Pedagogia, Desenho, Física,
Álgebra, Literatura, Cartografia, História Natural, História do Maranhão,
Química, Geologia, Instrução Cívica e História da América.
Filomena nascera dois anos antes da abolição da escravização dos negros no país. Por conta disso teve de enfrentar preconceitos e dificuldades devido a sua cor, uma vez, que a educação daquela época se fazia entre grandes desigualdades, tanto para mulheres brancas, como negras. No entanto, as mulheres negras eram mais estigmatizadas e sofriam diversos preconceitos, dentro e fora do ambiente escolar, que as silenciavam e reduziam suas potencialidades. Buscando vencer esses desafios, Filomena obtinha boas notas em todas as disciplinas com destaque para Música, Cartografia, Instrução Cívica e Prendas Femininas.
Experiência educacional
Filomena retornou a Codó com 22 anos. Seu primeiro trabalho como professora foi em sua própria residência na Rua Antônio Alexandre, que ficava ao lado da igreja Matriz. Em sua ela estabeleceu um espaço para ministrar aulas que recebeu o nome de Escola Mista Estadual, que também era chamada de “Casarão”. Tempos depois, foi denominada de Escola Mista César Brandão. Nessa instituição ela lecionava Português, Matemática, Estudos Sociais, Prendas Femininas, Educação Física e Desenho. Em 1934 o Casarão deixou de ser escola e passou a ser o Grupo Escolar Colares Moreira. Filomena Catarina lavrou a ata de inauguração e ocupou o cargo de professora do 5º ano e primeira diretora, nomeada pelo Interventor Antônio Martins de Almeida. Nesta função permaneceu até a data de sua aposentadoria, em 10 de junho de 1935.
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